quinta-feira, 2 de abril de 2009

Sobre Caminhos e Fantasmas

Tenho andado só.
Só e acompanhado por fantasmas que nem sequer acredito.
Para mim eles não existem.
Mas não se importam e teimam em ser vistos.
Meus conceitos, outrora tão certos, concretos, hoje são vazios e gelatinosos.
Sou tão confuso que assemelho-me àqueles loucos de praças e bares.
Não! não é certo ofender-lhes dessa maneira, os loucos e bêbados.
Pareço mesmo é com aquele cãozinho que, desprovido de sua madame,
Perde-se em busca do frango de padaria, e que nessa busca perde-se a si mesmo.
Tento me concentrar na natureza desse sentimento,
E eis que vejo-me escuro.
E já não há nada que me proteja dessa escuridão pérfida.
Nem escudo, nem muro, nem véu, nem amor...
Agora sou todo sentimento e vejo de soslaio o mundo com esses olhos
- que nem parecem os meus! - baixos e tontos.
Luto como o louco luta para defender sua loucura.
Choro como chora o recém nascido tirado do conforto do ventre.
E calo-me para o mundo como cala-se o mais egoísta dos homens.
Pensar não basta!
Porque nada - nada! - é tão vergonhoso quanto armar-se para omitir-se.
Então, medroso, vou convivendo com essa mistura de sentimentos e pensando no mundo como o poeta pensa em seus versos, e ainda assim, continuo só.
Só e acompanhado por tantos!
Viciado na vida.
Cansado dos homens.
Sentindo amor.

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